sexta-feira, 31 de julho de 2009

Marcel Gautherot e o São Francisco




O Rio São Francisco também foi tema recorrente na obra de um dos maiores fotógrafos que podemos chamar de "brasileiros". O franco-brasileiro Marcelo Gautherot percorreu o rio nos estados de Alagoas e Bahia nas décadas de 40 e 50, deixando, talvez, o mais belo registro fotógrafico do Velho Chico já feito.
Nascido em Paris em 1910, Gautherot se apaixonou pelo Brasil lendo Jorge Amado e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1939. Fez parte de um importante círculo de intelectuais modernistas, dentre eles, Rodrigo de Melo Franco, Carlos Drummond, Mário de Andrade, Lúcio Costa e Burle Marx.
Sua coleção é composta por mais de 25 mil negativos e atualmente pertence ao Instituto Moreira Sales.
Gautherot percorreu 18 estados brasileiros, fotografando, registrando o povo brasileiro, sua arquitetura, suas festas. Sua coleção é um vasto retrato da diversidade cultural do país. Morreu aos 86 anos, no Rio de Janeiro.





Agradecimento: Este post é uma contribuição de Sônia Lucena (Secretaria de Estado de Cultura de Alagoas), companheira, amiga e apoiadora do projeto Os Chicos

quinta-feira, 30 de julho de 2009

10 de agosto começa a saga de Os Chicos




Muitas contas, planilhas, cálculos e fios de cabelos branqueando ou caindo. Assim foram os últimos meses de preparação para a execução do projeto Os Chicos. Mas, enfim, vai começar!

Em reunião na d'Cult - produtora executiva do projeto - ficou definido que no dia 10 de agosto se iniciará o trabalho de pesquisa em campo. Partindo de Petrolina/PE até a foz do São Francisco, na pancada do mar entre Alagoas e Sergipe

O blog acompanhará passo a passo todas as ações desta primeira etapa, que consumira 25 dias de pesquisa executada pelo jornalista Gustavo Nolasco e pelo fotógrafo Leo Drumond. A segunda etapa - ainda sem data determinada - será executada no início de 2010, no trecho da nascente do Velho Chico até Sobradinho/BA.

Além da produção executiva da Dcult, Os Chicos têm como parceiros fundamentais a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Empresas que apostam na documentação da história oral das comunidades do São Francisco como uma importante ação de preservação da cultura brasileira.




quarta-feira, 29 de julho de 2009

Prêmio Comunicador do Futuro




Com o tema "Água, fonte inesgotável?", a edição 2009 do Prêmio Comunicador do Futuro, criado pelo Governo de Minas Gerais, vai premiar os melhores trabalhos de estudantes de Comunicação Social nas categorias:

• TEXTO JORNALÍSTICO
• PEÇAS PUBLICITÁRIAS
• ENSAIO FOTOGRÁFICO (categoria aberta à participação de graduandos em outros cursos)

O prêmio, em sua segunda edição, mais uma vez aborda um assunto relativo ao nosso bem mais precioso: a água. Na edição anterior, o tema era o Rio São Francisco, e o fotógrafo Leo Drumond, um dos autores do Projeto Os Chicos, ficou em segundo lugar. Além da premiação em dinheiro, os ganhadores tiveram a oportunidade de fazer uma belíssima expedição pelo rio, de Pirapora até Januária.

Clique aqui para ver as fotos da expedição

Clique aqui e saiba mais sobre a Edição 2009 do Prêmio Comunicador do Futuro

terça-feira, 28 de julho de 2009

Bacia do São Francisco abriga fortes desigualdades socioespaciais


A bacia do Rio São Francisco é composta por 506 municípios localizados em sete estados do Brasil. A área ocupa cerca de 7,5% de todo o território brasileiro e concentra 9,6% da população nacional.

Entre as principais atividades econômicas estão, por um lado, o cultivo da soja e do algodão, no Cerrado baiano, e a fruticultura em áreas irrigadas do Semiárido, todas voltadas especialmente para exportação. Por outro lado, as atividades industriais, se concentram na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Com toda essa dimensão e heterogeneidade, a região abriga fortes desigualdades socioespaciais, conforme revela o estudo Vetores Estruturantes da Dimensão Socioeconômica da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco divulgado pelo IBGE.

Clique aqui e confira a íntegra da matéria de Thais Leitão – Agência Brasil

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Povo Sabido


"Por que é que um homem que passa dos setenta anos, inevitavelmente há de sempre nos dizer sua idade como se fosse uma glória?"

Richard Burton, pestanejando no livro "Viagem aos planaltos do Brasil"

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O drama do carvão da Bacia do São Francisco


O desmatamento na Bacia do Rio São Francisco está longe acabar. Por outro lado, o estudo Vetores Estruturantes da Dimensão Socioeconômica da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, divulgado pelo IBGE, traz boa notícia. A participação do carvão vegetal produzido nos municípios que compõem a Bacia na matriz energética brasileira caiu pela metade entre os anos de 2000 e 2007, passando de 26,17% para 13,79%.

A bacia do Rio São Francisco é composta por 506 municípios localizados em sete estados. A área ocupa cerca de 7,5% de todo o território brasileiro e concentra 9,6% da população nacional.

A atividade, realizada sem os cuidados de manejo ambiental, é um dos principais fatores de degradação do São Francisco.

Confira a íntegra do estudo do IBGE sobre a Bacia do Rio São Francisco


A mais espetacular romaria do Brasil



A motivação religiosa tem nas romarias um dos principais eventos coletivos no Brasil. Conhecidas nacionalmente estão as romarias de Aparecida do Norte/SP e de Juazeiro do Norte/CE, terra de devoção a Padre Cícero.

Já as romarias a Bom Jesus da Lapa/BA têm o mesmo grau de grandiosidade, mas é pouca conhecida fora do Nordeste.

Localizada no sertão baiano, a cidade de Bom Jesus da Lapa chega a receber 2 milhões de romeiros ao ano. Já na Festa do Bom Jesus, comemorada no dia 06 de agosto, são quase 500 mil devotos visitando o mais espetacular santuário de todo o País.

O santuário do Bom Jesus da Lapa se localiza às margens do rio São Francisco. Formado por um gigantesco maciço calcário, de 90 metros de altura, e recortado por uma infinidade de galerias e grutas naturais, de até 50 metros de comprimento e sete de altura.

É nesta obra estupenda da natureza, descoberta em 1691 pelo português Francisco Mendonça Mar, que são rezadas missas, novenas e onde os milhares de romeiros deixam seus ex-votos, pagamentos de promessas e pedidos aos santos.

O pagamento de promessas em cabaças é outra tradição da romaria de Bom Jesus da Lapa que a torna infinitamente mais mágica do que Aparecida do Norte ou Juazeiro do Norte.

Durante os três séculos de história da gruta e da festa do Bom Jesus, muitos devotos, pela dificuldade de locomoção, deixaram de peregrinar até a cidade do sertão baiano. A solução era colocar as ofertas – dinheiro, flores, próteses etc – dentro de cabaças e soltá-las no leito do São Francisco ou de seus afluentes.

Durante a Festa do Bom Jesus, essas cabaças que vão chegando pelas águas do Velho Chico, são retiradas e levadas para dentro do santuário. No livro Ribeira do São Francisco, de 1994, M. Cavalcanti Proença relata a tradição:

“Também os caboclos que não podem ir até Bom Jesus da Lapa, colocam as suas oferendas em cabaças que largam de rio abaixo e estas vão ter ao seu destino, havendo ficado célebre uma enviada por um italiano com uma cara e sete mil e seiscentos em dinheiro e que, numa violação geográfica, foi posta no rio Sapucaí, da bacia do Paraná. Pois andou de mão em mão até ser lançada no São Francisco e foi descendo, descendo, quando, ao passar em frente ao templo, derivou pelo braço que vai ao pé do santuário sendo apanhada.”

Bom Jesus da Lapa é uma das cidades do roteiro de pesquisa de Gustavo Nolasco e Leo Drumond na execução do projeto Os Chicos.

Clique aqui e saiba mais sobre a festa e o santuário do Bom Jesus


Foto: www.viarural.com


sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Nova Geografia da Fome



Leitura obrigatória para quem quer realmente conhecer a realidade do Brasil é “Nova Geografia da Fome”. O livro é uma homenagem ao clássico "Geografia da Fome" (1946), com o qual Josué de Castro, médico, geógrafo e antropólogo pernambucano, denunciou esta problemática no Nordeste, até então vista como tabu.

“Nova Geografia da Fome” é resultado de uma viagem de 60 mil quilômetros feitas pelo jornalista Xico Sá e pelo fotógrafo U. Dettmar. Eles percorreram nove estados nordestinos, o Norte de Minas Gerais e a Grande São Paulo. Assim puderam relatar o novo retrato da fome no Brasil.

O livro também traz abordagens sobre iniciativas para se combater a pobreza no Brasil, como o programa Fome Zero.

Fica também a dica para uma outra boa e rápida leitura. É o blog “O Carapuceiro”, de Xico Sá. Seu texto ácido, sarcástico, cospe com méritos nas hipocrisias e tabus mundanos. Para quem gosta, Xico Sá pode ser considerado o “Charles Bukowski do Recife”.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Roteiros turísticos do São Francisco



Nesta semana, o Jornal Hoje, da Rede Globo, exibiu uma reportagem belíssima sobre os roteiros turísticos do Rio São Francisco. Os repórteres Augusto Medeiros, João Edwar, Lara Cavalcanti, Carla Suzanne, Michele Barros e o espetacular veterano José Raimundo deram um show de dicas para quem quer escolher um pedaço do Velho Chico para visitar.

Um destes roteiros é o passeio pelo vapor Benjamim Guimarães, em Pirapora. Aqui representado na belíssima foto de Lúcia Sebe, experiente fotógrafa mineira e amante do Velho Chico.

Clique aqui e assista a íntegra da reportagem do Jornal Hoje.



terça-feira, 14 de julho de 2009

Uma verdadeira história do Rio São Francisco



João Batista Glória ou simplesmente Seu João. Não se chama Chico, mas com certeza é um dos personagens mais belos que qualquer história do rio São Francisco poderia ter.

Próximo de completar 80 anos, Seu João guarda na memória os tempos de criança e adolescente vividos magicamente às margens do rio São Francisco, na região da cidade de Luz, em Minas Gerais. E para o deleite dos amantes da boa prosa, dos “causos” e de histórias de vida dos barranqueiros, Seu João escreveu suas lembranças do Velho Chico no riquíssimo texto “Uma verdadeira história do Rio São Francisco”.

A história do Padre Nicolau, as citações sobre as espécies da fauna e flora do São Francisco e a pureza das citações de Seu João cativam e emocionam o leitor.

A forma como Seu João se auto-denomina já é de uma poesia sem limite: “sou realista, gosto de sentar na ponta do banco para sobrar para os outros. Ainda faço berrantes, canoas para pescadores, gosto muito de uma sanfoninha 8 baixo chamada pé de bode”.

Aqui fica o convite para a leitura do maravilhoso texto de Seu João, que orgulha todos os amantes do Velho Chico.

Clique aqui e leia a íntegra de “Uma verdadeira história do rio São Francisco”.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Povo Sabido


“Não há, portanto, como contestar a supremacia do São Francisco entre os acidentes geográficos brasileiros. Na América o seu papel, na história da conquista, só é comparável ao dos Andes. Mas, se estes detiveram as populações espanholas do Pacífico, impedindo-as de alcançarem a linha de Tordesilhas, o São Francisco, pelo contrário, foi o caminho aberto pela natureza para que se dilatasse e firmasse o avanço português, ao abandonar o litoral, desde São Paulo até ao Ceará.”
Luís Viana Filho - Prefácio da obra Rio São Francisco e a Chapada Diamantina, de Theodoro Sampaio

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Leo do Peixe: o pescador de livros



No jornalismo, uma das regras para isenção em uma reportagem é que o repórter mantenha uma distância ética de seus entrevistados. Mas algumas histórias são tão fascinantes que tornam esta regra impossível de ser seguida.

O trabalho do pescador Leo do Peixe, de Pirapora/MG, é uma destas históricas que rompem os preceitos básicos de uma reportagem.

Em 2008, Leo Drumond e Gustavo Nolasco construíram, em dobradinha, a reportagem “As letras do Peixe”, para a revista Globo Rural. E ali se tornam grandes amigos do entrevistado.

Leo do Peixe vive da pesca no São Francisco. E Pirapora deve muito a este pescador que criou o Clube da Leitura. São vários espaços públicos onde qualquer cidadão pode pegar gratuitamente livros, numa espécie de biblioteca popular.

A reportagem da Globo Rural foi finalista do Projeto Generosidade 2008, que reúne todas as revistas da Editora Globo e premia ações e exemplos de gente que faz e promove o bem no Brasil.

A história exemplar de Leo do Peixe ganhou o apoio de milhares de pessoas, entre elas, o compositor Tom Zé, que se diz um "leopeixista".

Clique aqui e leia a íntegra da reportagem de Gustavo Nolasco e Leo Drumond na revista Globo Rural.













Fotos: Leo Drumond/Agência Nitro/Revista Globo Rural

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Amar o Brasil não é obrigação



O principal fascínio que os moradores do São Francisco passam para o estrangeiro, o visitante é exatamente a diversidade. É impossível realmente conhecer o rio sem visitar e conviver com comunidades distintas.

O São Francisco de Minas Gerais não se encontra na Bahia ou em Alagoas. Assim como o São Francisco de Sergipe não pode ser visto em Pernambuco.

Estas diferenças se mostram de distintas formas: no folclore, na fala, nos ritos, nas lendas, na culinária, nas crenças, na poesia, na música. Enfim, conviver com os moradores do São Francisco é um excelente modo dos brasileiros conhecerem a tal “diversidade” com que todos gostam de rotular o Brasil.

Amar o nosso país passa pelo sentimental, o que impede de ser obrigação. Porém, conhecer e conviver com os vários “Brasis” é obrigatório seja para amá-lo, odiá-lo ou até mesmo para por ele sentir indiferença.

Em seu livro Ribeira do São Francisco, M. Cavalcanti Proença relata suas experiências ao longo de uma viagem pelas águas do Velho Chico. Ao cruzar o Estado de Minas Gerais e adentrar as águas do São Francisco na Bahia, o escritor, de forma simples e magnífica, testemunha a tal “diversidade do Brasil”:

“...os pobres de sempre, mas agora notamos que já aparecem os cantores, assinalando a entrada nas terras de influência nordestina.”

Foto de João Ricardo Spagnollo: rio São Francisco em Carinhanha/BA

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Rádio Inconfidência destaca Os Chicos


Falar sobre o prazer impagável de passar algumas horas escutando histórias e “causos” às margens do São Francisco. Foi assim que o projeto Os Chicos foi tema do programa Revista da Tarde da Rádio Inconfidência. O jornalista Gustavo Nolasco foi o entrevistado do programa comandado por Déborah Rajão.

Durante a entrevista, ele apresentou o planejamento, traçado em conjunto com o fotógrafo Leo Drumond, para iniciar as viagens pelo São Francisco, em busca dos personagens de Os Chicos.

Ouça a íntegra da entrevista na Rádio Inconfidência

Aqui ficam os agradecimentos a toda a equipe de produção do programa Revista da Tarde.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O libanês do Cangaço




Nas primeiras décadas do século XX, o sertão nordestino vivia o sentimento duplo de medo-admiração provocado pelo banditismo. Neste cenário, Lampião reinava. E poucos sabem que foi às margens do rio São Francisco que o Rei do Cangaço caiu por terra, morto.

Se poucos sabem desta parte da saga de Lampião, menos ainda conhecem a história do mascate libanês Bejamim Abrahão. Ele conseguiu algo inimaginável naquela época: foi aceito no grupo do Rei do Cangaço e se tornou a única pessoa a captar imagens dos cangaceiros.

A surpeendente história de Bejamim Abrahão é revivida em um dos melhores filmes brasileiros da década de 90: Baile Perfumado. Vencedor do Festival de Brasília de 1996 e do Festival de Havana de 1997.

Além da sensiblidade viceral dos diretores Paulo Caldas e Lírio Ferreira e do elenco, que contou com Duda Manberti e Luís Carlos Vasconcelos, Baile Perfumado traz imagens belíssimas do São Francisco.

Uma das cenas inesquecíveis é um passeio aéreo da câmera sobre os canyons do São Francisco, embalado pela trilha sonora (impecável!!!) composta por Chico Sciense, Fred Zero Quatro (Mundo Livre S/A) e Lúcio Maia (Nação Zumbi).

Saiba mais sobre esse filme que resgata a história do libanês que esteve ao lado de Lampião.

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