Trecho de texto escrito pelo jornalista Gustavo Nolasco e foto de Leo Drumond após uma tarde de prosa em São Roque de Minas:
Era início de tarde. Tarde de inverno, com seu sol dourado entrando em fachos geométricos pela janela de madeira e pela porta de trinco grosso de ferro. À mesa, o queijo Canastra, com faca pronta e louca por cortá-lo; a cachaça com sassafrás; a garrafa de café olhando de longe os copos na pia. Imponente, o fogão de lenha ao canto. O verdadeiro rei daquela típica cozinha de interior mineiro.
O cheiro de mato traz junto a energia de um menino, que nasce ali perto para se tornar gigante nas bandas do Norte. É aos pés do Parque Nacional da Serra da Canastra, nascedouro do menino-gigante rio São Francisco, que está a cozinha de Chico Chagas, matuto de sabedoria oral. Boné sempre a cabeça, óculos grossos para avistar o horizonte longo, cortado por rios e riachos; e as mãos de quem cortou muita cana, alimentou gado, arou pasto e que ainda encontra tempo para tirar sons de uma sanfona.
É ali que Chico Chagas recebe a visita do compadre Juca Chico, menino-moço de 94 anos, ex-garimpeiro, vaqueiro, construtor de igreja e “enterradô de esposa”. O chapéu de feltro, a boca murcha, sempre louca por sorrir; o cinto de couro bem amarrado acima do umbigo e a velha botina, companheira de longas jornadas.
Se de Minas tiraram o ouro, é em Minas que deixaram a prosa.
E foi naquela instante, naquela cozinha, que o projeto Os Chicos se iniciou. Ouvindo histórias, se alimentando de emoção e imortalizando imagens que se multiplicarão por toda a ribeira do São Francisco.
Chicos e Chicas estão à espera de um ouvido para prosear...
Projetos como esse contribui pra autoconhecimento e memória desse povo que estão ao bel-prazer dos q fazem o Brasil.Sucesso nessa empreitada!
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