terça-feira, 30 de junho de 2009
Os Chicos é destaque na Rádio CBN
O projeto Os Chicos foi tema de reportagem na rádio CBN. A repórter Thaís Pimentel entrevistou o jornalista Gustavo Nolasco, autor do projeto ao lado do fotógrafo Leo Drumond. Em um bate-papo descontraído, ele apresentou as diretrizes e objetivos de Os Chicos, além da busca por novos parceiros.
Ouça a íntegra da reportagem da Rádio CBN
Aqui ficam os agradecimentos à Rádio CBN e as saudações para a repórter Thaís Pimentel, que também se revelou uma amante de uma boa prosa à beira do rio São Francisco.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Povo Sabido
"A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil"
Manuel Bandeira, em uma das mais belas definições da grandiosidade da cultural oral brasileira
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Assentamento em Petrolina inicia projeto inédito de recomposição de mata nativa
O assentamento Riacho Fundo, em Petrolina, é palco de uma ação importantíssima na revitalização do São Francisco. É nesta área que a Embrapa desenvolve o projeto “Mata Ciliar”, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).
O projeto consiste no plantio de mudas de árvores nativas da região, como pau-ferro, jenipapo, jatobá, ingá, entre outras. O objetivo é plantar 200 mil mudas até o final de 2009.
Vale a pena conferir o vídeo que explica o método inovador que acelera a transformação das sementes em mudas para plantio.
É importante todos se engajarem porque as 200 mil que serão plantadas pela Embrapa é apenas 1% das 20 milhões de árvores necessárias para se recompor toda a mata ciliar do São Francisco.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Dica de paraíso
A região da Serra da Canastra, em Minas Gerais, é conhecida nacionalmente por ser o berço da nascente do Velho Chico. Mas se engana quem pensa que se limita a isso. No seu entorno e proximidades, se encontram belas cachoeiras, lagos e chapadões.
Um desses lugares é a cachoeira desta foto, cedida pela amiga e seguidora desse blog Maria Aparecida Lopes (que tem um pezinho em Belo Horizonte e outro em Pimenta/MG). Um pedacinho de paraíso localizado na região entre a Serra da Canastra e o Lago de Furnas.
Para chegar a esse pequeno paraíso é preciso seguir a MG-050, que liga a Região Metropolitana de Belo Horizonte ao Estado de São Paulo, passando pelo Centro-Oeste Mineiro. É só virar nas proximidades de Piumhi e procurar por um lugarejo chamado Turvo.
“E o resto do caminho?” – é a pergunta que vem à cabeça.
A resposta é: “chega lá, para o carro numa venda, refresca a garganta e proseia!”
Ou pensou que seria fácil assim chegar a um paraíso de águas tão puras???
terça-feira, 23 de junho de 2009
Pesquisa aponta queda de 35% no volume de água do São Francisco em 50 anos
Uma pesquisa feita por cientistas norte-americanos aponta que o fluxo de água na bacia do rio São Francisco caiu 35% no último meio século.
Se já não bastasse os muitos anos de degradação com corte de matas ciliares e despejo de esgoto nas águas do Velho Chico, estudo realizado por pesquisadores do National Center for Atmospheric Research (NCAR) e publicado pela Sociedade Meteorológica Americana, aponta o famoso fenômeno climático El Niño com um dos maiores vilões na redução do fluxo das águas do São Francisco.
Os cientistas analisaram dados coletados entre 1948 e 2004 nos 925 maiores rios do planeta, e concluíram que vários rios de algumas das regiões mais populosas estão perdendo água.
Segundo o cientista Aiguo Dai, o líder da pesquisa, essa queda assustadora do volume do Velho Chico se deu principalmente em função da mudanças na quantidade de chuvas na região da bacia, provocadas pelo El Niño, que consiste em um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico e que afeta o clima da região e do planeta.
Outro lado
A pesquisa realizada NCAR é questionada pelo pelo engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação João Nabuco, João Suassuna, em artigo publicado pelo Portal Eco Debate.
Baseado em estudos da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e da Agência Nacional das Águas (ANA), Suassuna questiona os números da pesquisa norte-americana, mas ressalta que todos os estudos apresentados mostram sim que existe uma redução do volume das águas do Velho Chico.
Fontes da matéria: sites da BBC Brasil e Eco Debate
Crédito da foto: Site BBC Brasil
Leia a matéria completa no site da BBC Brasil
Leia o artigo de João Suassuna no portal Eco Debate
segunda-feira, 22 de junho de 2009
A doce Manga de letrados e tabaréus
É de um filho dessa terra-água que vem a nossa indicação de uma boa leitura. O escritor, jornalista, barranqueiro e sonhador Carlos Diamantino Alkmim traz em suas letras a sabedoria de transformar o simples em magnífico e surpreendente.
Autor de Os Tabaréus na Cidade Grande, ele chega nesta última obra – primeiro romance – ao amadurecimento completo de uma carreira que já conta com outros cinco livros (“Sabor de Manga”, “O Repórter e os Coronéis”, “Recordações de Minha Tia” e “Minha Terra, Meu Rio”).
A história e desventuras de dois caboclos que seguem para a cidade grande apresenta, escondidos por trás de cada vírgula, os dois principais traços do autor: o respeito pela simplicidade de sua infância e juventude nas terras barranqueiras de Manga e, ao mesmo tempo, sua vivência como força interiorana importada, que Belo Horizonte se alimenta para crescer.
Os Tabaréus na Cidade Grande pode ser encontrado na Livraria Travessa, na Savassi, em Belo Horizonte, ou diretamente com o autor pelo e-mail (cardialk@terra.com.br).
terça-feira, 16 de junho de 2009
Chicos e Chicas
De autoria do jornalista Gustavo Nolasco e do fotógrafo Leo Drumond, “Os Chicos” é executado pela empresa de produção cultural D`Cult, de Belo Horizonte.
Por sua responsabilidade de sempre documentar a cultura das comunidades onde atua, a Cemig se tornou a primeira patrocinadora e parceira do projeto já em 2007.
“Os Chicos” nasceu da prerrogativa de que além de ser um bem natural, o Rio São Francisco serve de cenário para as mais ricas traduções orais de seus moradores. Sua relevância consiste em buscar nas manifestações culturais e folclóricas das comunidades, uma forma lírica e “não oficial” de se falar de um dos mais importantes rios do país, conhecido como o “rio da integração nacional”.
É no modo de contá-las, que o projeto ganha caráter inédito e de resgate histórico. Para marcar a força que o rio tem em seus moradores, os personagens escolhidos deverão se chamar Francisco ou Francisca.
Durante 52 dias, os autores do projeto percorrerão os 2.700 Km do Rio São Francisco, passando pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
Ao longo do percurso, farão entrevistas e documentação fotográfica dos “Chicos” e “Chicas” das diversas regiões do rio, desde a nascente, em São Roque de Minas/MG, até a foz em Piaçabuçu/AL.
Todo o trabalho de pesquisa e documentação do jornalista e do fotógrafo será transformado em livro, registrado em vídeo digital e neste blog.
Os caçadores de Chicos e Chicas
Povo sabido
“Quando a formiga abre os seus túneis próximos da barranca, é sinal de que as cheias serão diminutas. Pode acontecer que o São Francisco extravasse grosso, invadindo as planícies, mas a sabedoria da formiga não sofre arranhão no conceito do sertanejo. Quem errou foi o rio.”
O relato é de M. Cavalcanti Proença, no livro “Ribeira do São Francisco”, editado na década de 40
As surpresas da Serra da Canastra
Em São Roque de Minas, aos pés da serra da Canastra, eles tiveram a grata surpresa de achar não só um personagem, mas dois magnifícos “Chicos”, símbolos da mineiridade calma, simples e sábia das terras que guardam a nascente do Velho Chico.
A riqueza visual e as histórias e lendas reveladas pelos personagens deste capítulo-piloto comprovaram o potencial extraordinário do projeto “Os Chicos”.
Os primeiros e inesquecíveis Chicos são: Chico Chagas e Juca Chico.
O produtor rural Chico Chagas é um símbolo da preservação do Parque Nacional da Serra da Canastra.
O quase centenário Juca Chico é um exemplo vivo da riqueza da linguagem oral do Alto São Francisco.
Eles são os personagens do capítulo-piloto do livro “Os Chicos”.
Os Chicos da nascente
Trecho de texto escrito pelo jornalista Gustavo Nolasco e foto de Leo Drumond após uma tarde de prosa em São Roque de Minas:
Era início de tarde. Tarde de inverno, com seu sol dourado entrando em fachos geométricos pela janela de madeira e pela porta de trinco grosso de ferro. À mesa, o queijo Canastra, com faca pronta e louca por cortá-lo; a cachaça com sassafrás; a garrafa de café olhando de longe os copos na pia. Imponente, o fogão de lenha ao canto. O verdadeiro rei daquela típica cozinha de interior mineiro.
O cheiro de mato traz junto a energia de um menino, que nasce ali perto para se tornar gigante nas bandas do Norte. É aos pés do Parque Nacional da Serra da Canastra, nascedouro do menino-gigante rio São Francisco, que está a cozinha de Chico Chagas, matuto de sabedoria oral. Boné sempre a cabeça, óculos grossos para avistar o horizonte longo, cortado por rios e riachos; e as mãos de quem cortou muita cana, alimentou gado, arou pasto e que ainda encontra tempo para tirar sons de uma sanfona.
É ali que Chico Chagas recebe a visita do compadre Juca Chico, menino-moço de 94 anos, ex-garimpeiro, vaqueiro, construtor de igreja e “enterradô de esposa”. O chapéu de feltro, a boca murcha, sempre louca por sorrir; o cinto de couro bem amarrado acima do umbigo e a velha botina, companheira de longas jornadas.
Se de Minas tiraram o ouro, é em Minas que deixaram a prosa.
E foi naquela instante, naquela cozinha, que o projeto Os Chicos se iniciou. Ouvindo histórias, se alimentando de emoção e imortalizando imagens que se multiplicarão por toda a ribeira do São Francisco.
Chicos e Chicas estão à espera de um ouvido para prosear...